Se o governo e a sociedade brasileira não quiserem que seus fluxos informativos sejam utilizados de forma ilegal por outros países e corporações, o que é preciso fazer com urgência é aprovar um Marco Civil da Internet onde isso seja ponto central. Em que a neutralidade da rede e a privacidade do cidadão sejam garantidas com base em lei.
Hoje temos um Marco Feliciano na Comissão de Direitos Humanos, outro Blairo Maggi na de Meio Ambiente, além de um Renan Calheiros na Presidência do Senado. Outrora pensadas enquanto espaços do povo, as Casas de Lei têm contradições que são apenas reflexos de fatos sociais mais amplos e expõem a perda de conexão com a realidade do cidadão. Isso sem pensar em quem temos no Governo do Estado do Paraná e na triste Câmara Municipal de Curitiba…
Hoje tramita em regime de urgência um projeto de lei que visa transformar em criminosos os usuários de substâncias arbitrariamente categorizadas como drogas (a exemplo da maconha, que a ciência e a história demonstram ser menos nociva do que o café ou o açúcar), o que leva à escola do crime conhecida como prisão toda uma camada da sociedade que se sente no direito de fazer o que bem quiser com o corpo que lhe pertence – em especial aqueles dessa camada que estão na camada periférica, sem acesso ao Estado de Direito, já que o critério para determinar quem é usuário ou traficante fica nas mãos do policial militar durante a abordagem.
Hoje o ensino religioso é praxe na maioria das escolas neste país e tem deputado eleito defendendo que é Satanás quem está no poder. Tem o processo (neo)liberal tomando conta de serviços essenciais à sociedade e transformando em super lucro o que deveria ser bem público e garantia do Estado à população. Hoje, a Internet não tem uma Constituição (Marco Civil) que estabeleça direitos individuais e restrições ao poder das empresas que estruturam a rede e, mesmo assim, já tramitam projetos de censura e controle.
Hoje o modelo de sucesso é ter o mesmo padrão de aparência que os demais homo sapiens de uma determinada estratificação social e consumir tudo o que a mídia e os demais arautos dessa corporatocracia determinam que você deve consumir – porque se você quiser aliviar o seu padrão de consumo você é um otário. Pensar em redução de danos é bobagem: o mundo vai acabar e a recompensa está no paraíso, então o certo é cagar com o planeta e as pessoas porque as empresas precisam de lucro e são perseguidas pelos movimentos sociais – assim como os neopentecostais são perseguidos pela ditadura gay.
Hoje é mais importante prejudicar o “inimigo” do que negociar consensos pela via diplomática com os irmãos. É mais jogo garantir uma quentinha ao lado do predador do que combatê-lo. É mais esperto ser apático e achar que tudo sempre foi assim e sempre será do que tirar a bunda da cadeira e a mente do Facebook ou da TV e se organizar por direitos. É mais fácil falar em corrupção do que em estratégia de poder e sociedade. É muito mais prático não entender merda alguma sobre porra nenhuma do que se preocupar em fazer com que sua passagem pelo mundo não seja enquanto mero consumidor-produto e sim como agente de mudança, nem que seja na mais pontual esfera da micro política do dia-a-dia.
A piada não está no dia de hoje. Está em todos os quais essa lógica é replicada. Hoje, só fica um pouco mais difícil perceber onde está a mentira e em cima de quem é a piada.
No momento em que Hugo Chávez anuncia o vice-presidente da Venezuela como possível sucessor, pesquisador analisa seu discurso de poder. Bolívar, Rodriguez e Zamora são a base da retórica do líder socialista
Rafael Betencourt, na Revista da História
Poucas figuras políticas chamaram tanta atenção na ultima década quanto o presidente venezuelano Hugo Chávez, que, na semana passada, anunciou seu vice como sucessor, já que voltou a fazer tratamento contra um câncer. Chamado de santo por uns, autoritário, populista e ditador por outros, Chávez criou um discurso político que merece ser analisado para além dos tradicionais estereótipos maniqueístas. A imensa popularidade que move seu governo desde a primeira eleição, em 1998, procura enfatizar uma identidade nacional e latino-americana, a partir do resgate da memória de figuras históricas notáveis como Simón Bolívar, Simón Rodriguez e o general Ezequiel Zamora. A lembrança destes três personagens é chamada de árvore de três raízes.
A criação do socialismo chavista apresenta uma redefinição teórica do socialismo real vivenciado no século XX, que tinha no pensamento marxista sua principal base conceitual. Neste novo projeto venezuelano, a história latino-americana e seus processos de luta anticoloniais que varreram o século XIX tornaram-se a principal referência. A eficiência desse discurso político se deve à forma como Chávez articula a então “Arvora das três raízes” com suas propostas atuais modelando um radicalismo democrático nas práticas institucionais de seu governo.
Bolívar
Chavez cria, a partir do uso desses personagens históricos, o imaginário de uma segunda independência. Simón Bolívar certamente é o mais conhecido das três referências. Nascido em 1783 em Caracas, foi o principal líder das lutas de independência contra o domínio espanhol no século XIX. Durante mais de dez anos lutou pela libertação do território que hoje corresponde à Venezuela, Colômbia e Equador. Seu ideário político foi construído através de suas cartas e discursos, sempre insuflando a ideia da união da América na luta contra os espanhóis. Sob orientação do professor Simón Rodriguez, entrou em contato com o pensamento de Voltaire e Rousseau, e com as ideias emancipatórias do Iluminismo.
A idealização de uma América Latina integrada, como o discurso do presidente Chávez tanto enfatiza, reverbera a ideia de Bolívar de uma Grande Colômbia, uma única nação latino-americana na região, uma união necessária contra a dominação estrangeira. A referência a Bolívar na construção de um discurso nacionalista não era novidade na esquerda venezuelana e remonta aos grupos engajados na guerrilha dos anos 60, como o FALN (Fuerzas Armadas de Liberación Nacional). Porém, sem dúvida, Chávez foi mais bem sucedido ao relacionar Bolívar com um discurso de afirmação de identidades e de resistência à influência norte-americana.
A segunda raíz da árvore bolivariana, Simón Rodriguez, professor e amigo de Bolívar, nasceu em Caracas no ano de 1769, trabalhou e viveu na Venezuela, Colômbia, Equador, Bolívia, Chile e Peru. Seu trabalho estava centrado na integração dos indígenas latino-americanos e dos escravos negros nas sociedades dos futuros Estados independentes. Na Bolívia, também lutou pela educação pública dos filhos dos indígenas e seu engajamento político sempre foi por meio do papel da educação. Rodriguez foi responsável pela escola primária em Caracas, mas desde sempre a sua briga pela inclusão de negros e pardos lhe causou alguns problemas com as elites locais. Após ser dispensado pela prefeitura da cidade pôde se dedicar à causa da independência.
Foi em Paris, nos tempos de Napoleão, que se encontrou com Bolívar. Nessa época, o mito latino-americano faz um juramento pela independência venezuelana que, transcrito por Rodriguez, chega às mãos de Chávez. Dos seus dias na Europa, Rodriguez percebeu que cabia à América Latina construir seu próprio caminho, independente das influências europeias, arraigadao nas peculiaridade de sua terra. Sua emblemática frase, “Ou inventamos, ou erramos”, se transformou em um ponto importante do atual programa bolivariano de governo.
Zamora
O terceiro elemento da árvore é Ezequiel Zamora, líder das forças federais na guerra civil (também conhecida como La Guerra Larga) de 1840 a 1850. Sua luta foi contra a oligarquia de terras, em busca de uma reforma agrária para o país. No entanto, a principal convergência da luta de Zamora ao programa de Chávez é o simbolismo da junção de militares e civis. Zamora foi aclamado pela esquerda como um socialista antes da época, e se intitulava “General da soberania popular” com profundas influências dos movimentos liberais de 1848 na Europa. O general tem um significado especial na vida de Chávez: o avô do presidente marchou junto ao exército da soberania popular de Zamora e, desde sua infância, o atual presidente venezuelano ouve suas histórias.
A última batalha de Zamora aconteceu em 1859 e foi travada em Barinas, na cidade natal de Chávez. A história oral foi a grande responsável pela sobrevivência dos seus feitos, sua constante solidariedade ao campesinato pobre e o clamor pela insurgência contra as elites locais convergem com a ideologia chavista em três slogans do governo atual: Tierra y hombres libres; Elección popular; Horror a la oligarquia.
A referência ideológica aos três personagens refunda a teoria socialista do século XXI criada pelos bolivarianos de Chávez e apresenta um novo projeto ideológico de radicalismo democrático para a América Latina. A ideologia bolivariana então se constrói fundamentada em alicerces da experiência anticolonial venezuelana e latino-americana congregando assim diferentes linguagens políticas sob o mesmo projeto revolucionário.
Apesar dos estereótipos vinculados à sua imagem caricata, é preciso reconhecer que o projeto político de Hugo Chávez é muito mais complexo e atrelado à história venezuelana do que o senso comum sugere. O socialismo chavista revisita três ícones do processo de emancipação do continente frente ao domínio espanhol para se estabelecer na idealização nacionalista de seu excepcionalismo histórico. O enorme apelo popular do discurso chavista, e sua manutenção na presidencia apesar de sua postura controversa, sugerem que mais importante do que taxá-lo de herói ou charlatão é compreender as razões para enorme projeção do seu discurso.
Rafael Betencourt é mestre pelo ISCTE- Instituto Universitário de Lisboa e autor da dissertação O Discurso Contra-Hegemônico dos Direitos Humanos na Revolução Bolivariana (ISCTE, 2012).
Amanhã, quarta-feira (14), a partir das 10:30 falarei na Semana do Empreendedorismo do Centro Acadêmico de Administração (Cead Ufpr), no Ciclo de Atualização em Administração, sobre a gestão integrada da tecnologia da informação e comunicação. Tomando por exemplo a estrutura do Festival de Cultura, o evento diz respeito a essa nova forma de enxergar a gestão das organizações, passando pela estrutura de redes, website, redes sociais, outras ferramentas e também abordando assessoria de imprensa, publicidade e relações públicas como um todo.
LINK DE INSCRIÇÃO –>https://docs.google.com/spreadsheet/viewform?fromEmail=true&formkey=dC1GQ0llSWxqRVRSNktMZEFqeGZTZGc6MQ
Juntos, somos um organismo só e, em rede, podemos nos organizar para colocar em prática tudo aquilo que decidimos fazer, principalmente o que acreditamos. Isso vale para eventos, ONGs, movimentos sociais, mandatos políticos, instituições acadêmicas, governos e empresas. Também vale para indivíduos, que podem potencializar sua atuação da mesma maneira, lembrando que, compostos por uma só ou mais pessoas, somos todos organismos sociais!
Apareça por lá!
Serviço
Setor de Ciências Sociais Aplicadas, sala 206 (piso de ADM)
14/11/2012
10:30
Muitas vezes, Pedro, você fala
Sempre a se queixar da solidão
Quem te fez com ferro, fez com fogo, Pedro
É pena que você não sabe não
Vai pro seu trabalho todo dia
Sem saber se é bom ou se é ruim
Quando quer chorar vai ao banheiro
Pedro as coisas não são bem assim
Toda vez que eu sinto o paraíso
Ou me queimo torto no inferno
Eu penso em você meu pobre amigo
Que só usa sempre o mesmo terno
Pedro, onde você vai eu também vou
Mas tudo acaba onde começou
Tente me ensinar das tuas coisas
Que a vida é séria, e a guerra é dura
Mas se não puder, cale essa boca, Pedro
E deixa eu viver minha loucura
Lembro, Pedro, aqueles velhos dias
Quando os dois pensavam sobre o mundo
Hoje eu te chamo de careta, Pedro
E você me chama vagabundo
Pedro, onde você vai eu também vou
Mas tudo acaba onde começou
Todos os caminhos são iguais
O que leva à glória ou à perdição
Há tantos caminhos tantas portas
Mas somente um tem coração
E eu não tenho nada a te dizer
Mas não me critique como eu sou
Cada um de nós é um universo, Pedro
Onde cê vai eu também vou
Pedro, onde cê vai eu também vou
Mas tudo acaba onde começou
É que tudo acaba onde começou
Meu amigo Pedro
Em 2012 mais de 40 cidades realizaram a Marcha da Maconha somente no Brasil. A proibição é o fato gerador do tráfico de drogas, que provoca o crime. O crime, por si só, promove a violência. Somado à repressão via Guerra às Drogas, essa violência se multiplica e se espalha, atingindo mesmo quem não consome “drogas”. Mas, pior do que isso, o tratamento dado pelo Estado por meio de sua Polícia Militar aos usuários da periferia é brutal se comparado aos de classe-média (a elite nunca ouviu falar disso).
As grandes vítimas da proibição são os jovens de baixa renda que, ainda por cima, não têm acesso à assessoria jurídica necessária para receber o tratamento “diferenciado” dado desde 2006 ao usuário e são, portanto, via de regra tratados pelos Três Poderes como traficantes. E é na cadeia que esse mero usuário sem perspectivas vê que na situação dele é mais lucrativa a vida no crime e lá faz escola, faculdade e pós-graduação.
Sozinho nós vamos mais rápido
Juntos nós vamos mais longe
O trecho da música Chama Violeta do Real Coletivo Dub, banda curitibana que mistura elementos do samba, bossa-nova, maracatu e outros ritmos brasileiros, retrata muito bem a realidade da luta por direitos.
Defendida pelas mais plurais Marchas da sociedade em 2011 – que levaram ao entendimento do STF de que a realização das Marchas da Maconha é constitucional – a Liberdade, essa característica inerente ao ser humano, é sempre promovida por aqueles que nela veem o futuro e atacada por aqueles que, na sua ausência, lucram. Pra começo de conversa, a proibição ou Guerra às Drogas é diretamente responsável pela existência do tráfico. A Lei Seca instituída em 1920 nos Estados Unidos levou à formação da máfia e à ascensão de figuras como o Al Capone. No Brasil, tivemos o Zé Pequeno.
Proibir a comercialização de um produto que tem demanda (lembrando que proibir a liberdade individual de adultos conscientes é fascismo) resulta em que a oferta tenha que ser suprida por um mercado paralelo, neste caso o narcotráfico. Não adianta mais ficar gritando “não use drogas” para a sociedade, já ficou evidente que não funciona! A política proibicionista de ‘Segurança Pública’ gera violência não apenas nas ruas ao oprimir usuários e nas famílias ao reprimir o cultivo caseiro, ela tem uma relação causal com o tráfico de drogas. Isso se chama contradição.
O cultivo indoor, ou caseiro, da cannabis não promove danos ao meio ambiente ou à sociedade, já que evita o narcotráfico. Existem comunidades de “growers” de diferentes tamanhos e linhas filosóficas, além de livros, métodos e estudos sobre o tema. O plantio poderia ser muito mais acessível e seguro não fosse a equivocada proibição.Para além disso, há o fato de que o uso industrial do cânhamo é tão versátil que ele é uma ameaça à indústria têxtil, do papel, do plástico, da construção civil, dos alimentos, óleos essenciais e dos produtos farmacêuticos. Vamos falar dos produtos farmacêuticos: maconha também é remédio. Enjoo, anemia, depressão, ansiedade e outros efeitos de químio e radioterapia são apenas seus usos medidicinais mais comuns – Jah Bless, pensam os pacientes de câncer cujo sofrimento é mitigado pela maconha!
É por isso que em muitos lugares dos Estados Unidos, como na Califórina, é permitido o uso medicinal, até porque quase todo mundo – principalmente em nossa sociedade produtivista – sofre com o stress e precisa relaxar, alguns escolhem fazer isso com o destrutivo álcool, outros com a maconha da paz. Além disso tudo, o documentário estadunidense Run from the cure comprova que os canabinóides (um dos componentes do THC, princípio ativo da maconha) têm um interessante efeito em alguns tipos de câncer: a cura.
Leia mais sobre as propriedades anticancerígenas dos canabinoides: http://www.semsemente.com/2012/comprovado-canabinoides-sao-capazes-de-matar-celulas-cancerigenas/
E achar que, fora quando está chapado, o maconheiro fica lesado, é um raciocínio sem embasamento científico e pra lá de raso. Além do Plano Real, muias boas ideias foram implementadas por maconheiros, principalmente as artísticas, publicitárias, literárias, gráficas, enfim, todo aquele hemisfério do cérebro.
Bem, é importante abordar a perspectiva econômica. Em contexto de Crise do Sistema Financeiro Mundial a cidade espanhola de Rasqueira aposta no cultivo do cânhamo para saldar as dívidas. “O aluguel de terrenos para o plantio de maconha foi a maneira que a prefeitura de Rasquera, um povoado medieval de 950 habitantes a 190 km de Barcelona, encontrou para quitar dívidas acumuladas com a crise sem ter de apelar a medidas de austeridade e arrocho fiscal comuns no país ibérico”, informa a Folha de S. Paulo.
O nosso vizinho Uruguai quer ser pioneiro da revisão nas legislações e práticas sociais relacionadas à maconha. “Estamos há 50 anos tentando pela via policial e estamos fracassando”, declarou o presidente José “Pepe” Mujica. Naquele país a erva nunca foi criminalizada, mas também nunca foi legalizada. Segundo o portal Terra, serão 150 hectares de cultivo nas terras vizinhas. O principal consumidor da maconha ilegal produzida hoje por lá é o Brasil, bem como do resto da América Latina…
Defender a ideia da legalização não constitui apologia (como defender a mudança de uma regra se é proibido discuti-la? Quem sabe o Gabriel PENSADOR estava correto: Paz é contra a Lei e Lei é contra a Paz?). Mas o STF foi sensato na deliberação e não foram só as Marchas e a sociedade que ganharam com a legalização do debate: o bloco carnavalesco carioca Planta na Mente desfilou oficialmente na quarta-feira de brasas em 2012.
O filme Quebrando o Tabu (cartaz ao lado), que estrela figurões da classe média como o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e o Dr. Drauzio Varella, explica muito bem a relação entre o tráfico, o uso de drogas, o abuso de drogas (que são duas coisas MUITO diferentes) e o sistema carcerário. Assim como o filme, essas informações são apenas uma pincelada no tema. Existem diversos livros sendo lançados, como o Cannabis Medicinal – Introdução ao Cultivo Indoor do Sergio Vidal e o Cânnábis Anonymous, por Márcio Pelajo, além da revista semSemente. A luta ainda está posta, assim como os obstáculos. Um deles é o lobby moralista religioso.
Mas não é preciso ir muito longe para vencer o argumento deles. Pra quebrar o gelo, podemos começar com fato de que a maconha NÃO É porta de entrada para outras drogas. O que acontece é que, por causa da proibição, pra se comprar cannabis é preciso buscar um traficante, que também vende outras drogas, ou plantar, que é crime. Aliás, a erva é a porta de saída para usuários de crack, por exemplo, como informou, no programa Agora é Tarde do humorista Danilo Gentilli, o jornalista Denis Burgierman, que viajou a países que legalizaram ou descriminalizaram o uso da maconha como Estados Unidos, Holanda, Portugal, Argentina e Marrocos. Isso se chama Redução de Danos e é uma das metodologias que obtêm maior taxa de sucesso na recuperação de dependentes químicos.
http://www.youtube.com/watch?v=aIBBLMBhTdI
Existe também um uso religioso da maconha e de outras plantas com propriedades alteradoras de consciência, algumas delas consideradas “drogas” e outras não. Peço que cada um tire suas conclusões sobre os motivos que levam à proibição de agentes que promovem a percepção de outros ângulos de análise dos fatos, outras perspectivas. Muitos veem a espiritualidade como um sentimento, uma emoção, uma característica intrínseca do ser humano. Ela seria então expressada através do amor ao próximo e, por extensão lógica, ao conjunto da sociedade – o Todo.
Mas será que é interessante que mais pessoas tenham uma visão global da coletividade, compreendendo os processos que levam às contradições, às disputas e, em menor escala, à violência? Talvez seja mais interessante, mais lucrativo, manter a todos em um nível limitado de consciência, capaz de perceber apenas aquilo que é evidente e que compõe ou meramente orbita a consciência individual.
De todo modo, existe também o movimento Rastáfari, originário do continente mãe, mais precisamente da Etiópia. Na mesma linha de Buddha, Jesus Cristo, Dalai Lama, Ghandi e porque não Martin Luther King, o profeta Hailê Selassiê (supostamente descendente do Rei bíblico Salomão) foi proclamado a voz da religião. No Brasil, apesar de outras fés terem assegurado o seu direto à utilização de substâncias cerimoniais, o líder (ou Elder) da primeira Igreja Niubingui Etíope Coptic de Sião, Ras Geraldinho, hoje está preso por ter cultivado canábis.
Mas, voltando aos cristãos, há isto:
“E disse Deus: Eis que vos tenho dado toda erva que dá semente e que está sobre a face de toda a terra e toda a árvore em que há fruto de árvore que dá semente; servos-ão para mantimento.
E a todo animal da terra, e a toda ave dos céus, e a todo réptil da terra, em que há alma vivente, toda a erva verde lhes será para mantimento. E assim foi.”
(Gênesis 1:29,30)
Outras referências